Em meio à onda de ataques e o acirramento na guerra entre
facções criminosas no Ceará, a titular da Secretaria da Justiça do Ceará,
Socorro França, reconhece que seja problemática a presença de membros de
facções criminosas no mesmo espaço nos presídios, mas afirma que fazer a
divisão nas cadeias do estado é “humanamente impossível”.
Em entrevista ao Fantástico, questionada se membros de
facções criminosas no mesmo espaço não significaria uma sentença de morte para
os presos, Socorro é objetiva: “eu entendo assim”.
“No interior do estado, como nós temos 132 cadeias é
humanamente impossível dividir por facções”, diz ela, que não vê solução em
curto prazo.
"Eu me sinto, na idade que estou, com 74 anos, tomando
conta desses 28 mil presos, sabe como eu me sinto? Tendo enxugado gelo a vida
inteira", admite.
Superlotação
Em todo o estado, são 16 grandes unidades prisionais e 132
cadeias públicas municipais que abrigam mais de 28 mil presos, com excedente de
140% da capacidade.
A superlotação e a convivência de membros de facções rivais
no mesmo espaço físico são fatores que influenciam os conflitos, segundo o
delegado de Itapajé, André Firmino.
No dia 29, 10 presos foram assassinados na Cadeia Pública da
cidade, distante 135 quilômetros de Fortaleza. O confronto foi entre
integrantes do Comando Vermelho (CV) e do Primeiro Comando da Capital (PCC). O
PCC é aliado do GDE, segundo autoridade da área de inteligência no estado.
Dois dias antes, 14 pessoas haviam sido assassinadas no
clube Forró do Gago, na madrugada de 27 de janeiro. A casa de forró era
frequentada por membros do Comando Vermelho (CV), disseram um policial militar
e moradores do bairro ao G1. O ataque é atribuído pelas mesmas pessoas aos
Guardiões do Estado (GDE), uma facção local.
Separação e controle
“Há uma discussão muito grande sobre a separação dessas
facções. Alguns entendem que deixando-as juntas elas, obviamente, fariam o que
fizeram em Itapajé. Outros entendem que, separando-as, nós estaríamos
fortalecendo-as”, diz Socorro França.
Segundo a secretária, é “impossível” fazer esse controle nas
cadeias municipais. “Nas grandes unidades prisionais onde nós temos, em média,
2 mil internos – por conta da superlotação – a gente consegue fazer essa
separação em alas. O Estado não tem mãos longas para dizer que a cadeia de
Itapajé vai receber presos da facção 'x' e a de Sobral, somente os da outra
facção.
Fonte: G1/CE
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