O dinheiro teria sido recebido pelo político como doação
eleitoral, conforme denunciam os empresários
Joesley e Wesley Batista, da JBS, prometeram dar detalhes
sobre supostos pagamentos de propina ao ex-governador do Ceará, Cid Gomes
(PDT), segundo o jornal O Globo. O dinheiro teria sido recebido pelo político
como doação eleitoral, conforme denunciam os empresários. Nesta terça-feira,
24, o jornal noticiou a ampliação das delações premiadas dos executivos e
entrega de documentos que comprovariam as suspeitas de corrupção ativa e
lavagem de dinheiro.
Quase um ano depois do início do escândalo, com as delações,
o caso do ex-governador teve o primeiro desdobramento na Justiça Federal do
Ceará. No último mês de março, o juiz Danilo Dias Vasconcelos de Almeida, da
12ª Vara Federal, determinou que a Polícia Federal instaure inquérito para
apurar acusações contra Cid no caso.
Leia também: Governo Cid pagou R$ 111,6 mi para JBS entre
junho e outubro de 2014
O Ministério Público Federal no Ceará (MPF-CE) irá
apresentar parecer apontando quais diligências poderão ser realizadas pela
autoridade policial. Cid é pré-candidato ao Senado.
Delações
Joesley promete mais informações sobre 32 anexos
apresentados no ano passado, que reforçam as acusações da delação inicial,
homologada em maio. São supostos acertos criminosos com vários políticos,
partidos e seus operadores financeiros.
Entenda
Em delação fechada em maio de 2017, Wesley acusou Cid de ter
negociado a liberação de créditos de ICMS da empresa Cascavel Couros, do grupo
JBS, em troca de doações milionárias à campanha de CamiloSantana ao Governo em
2014.
Segundo o empresário, o ex-governador teria procurado
pessoalmente o grupo e o esquema teria operado também em 2010. Ainda de acordo
com o depoimento, Cid teria condicionado repasse de créditos da Cascavel Couros
com o Estado, em R$ 110 milhões, a repasses para campanhas eleitorais.
+ Cid confirmou ter se reunido com irmãos Batista mas negou
ter tratado de financiamento de campanha
Como acusações envolviam os secretários Antônio Balhmann
(Relações Internacionais) e Arialdo Pinho (Turismo), Cid chegou a tentar que o
caso ficasse no Supremo Tribunal Federal, por conta do foro privilegiado de
ambos. O ministro Edson Fachin, relator do caso na Corte, no entanto, mandou
que acusações do ano de 2010, onde os secretários não são citados, “descessem”
para a 1ª instância no Ceará.
Em sua defesa, Cid Gomes negou irregularidades e disse que
acusações de Wesley não batem com o volume de recursos liberados pelo Estado
para a JBS. O ex-governador também abriu ação contra o delator por calúnia e
difamação.
“Não é possível fazer vinculação de qualquer tipo para esses
pagamentos. Isso não é da minha índole, jamais foi feito. Nós temos regras e
critérios para campanhas”, afirmou Cid, à época da delação da JBS. “Repudio
referências em delação que atribuem a mim o recebimento de dinheiro. Nunca
recebi um centavo da JBS”.
Sobre as prometidas novas provas dos Batista, a assessoria
de Cid Gomes informou, na tarde desta terça-feira, 24, que não vai se
pronunciar.
Linha do Tempo
Maio de 2017. Em delação, o empresário Wesley Batista acusa
Cid Gomes de ter negociado propinas em até R$ 20 milhões com a JBS. Ciro saiu
em defesa do irmão.
Outubro de 2017. Edson Fachin determina envio do caso de Cid
à Justiça do Ceará. A defesa recorre e pede que a ação fique no STF.
Dezembro de 2017. A PGR defende que só denúncias de 2010
fiquem no STF.
Fevereiro de 2018. Edson Fachin nega pedido da defesa e
envia caso ao Ceará. Caso chega ao estado em 16 de março.
EmoticonEmoticon